Como educar um cachorro

Durante os primeiros 12 meses de vida, a maioria dos cachorros irá exibir diversos problemas comportamentais detectáveis pelos proprietários. Estes problemas habitualmente variam entre fazer as necessidades fisiológica dentro de casa e ladrar, ou morder e até destruir a mobilia de casa ou outros utensilios domésticos. A prevenção é uma estrategia melhor do que esperar pela resolução desses comportamentos e, como tal, o treino do cachorro deverá começar no primeiro dia da sua nova casa. A forma como os problemas são abordados no início do processo, terá uma grande influência nos resultados obtidos.

 

1)      Inibição de morder

            Tal como acontece com todos os animais, o treino de um cachorro começa, de facto, no dia do seu nascimento. Nesta altura o cachorro recebe através da progenitora algumas lições de vida como é o caso da inibição de morder. Durante o aleitamento, a cadela rosna ou afasta o cachorro da teta se o contacto for demasiado brusco ou doloroso, como forma de ensinar a cria a ser mais cuidadosa. Quando esta é afastada da progenitora será o proprietário que terá de fazer esse papel. Deverá ensiná-lo que o contacto dos dentes com a pele humana provoca dor, manifestando-o através de um grito ou afastando-se do contacto do cachorro, por forma a que o animal perceba que se trata de um comportamento não permitido. Os cães bem socializados mas que não possuem capacidade de inibição de morder, são inevitavelmente aqueles que se transformam em adultos perigosos, uma vez que são muito sociáveis, mas que não têm qualquer controlo sobre a sua força.

 

2)      Socialização

            Na maioria dos casos, os cachorros podem acompanhar os seus novos proprietários à maioria dos ambientes minimamente controlados. Por exemplo, pode levar o seu cachorro quando vai ao cabeleireiro ou se for visitar uns amigos mantendo-o no seu colo. É importante não expor um cachorro a riscos ambientais provocados pela interacção com outros cães potencialmente infecciosos. Por exemplo, os cachorros não devem ser levados a parques publicos ou a outras áreas com uma elevada população de cães, onde estão expostos ao risco de contraír uma infecção. A socialização é fundamental para o desenvolvimento da personalidade do cachorro. Os animais, tal como as pessoas, aprendem através da experiência pessoal, associando as suas acções a consequências. Assim, o proprietário deverá esforçar-se por proporcionar, o mais cedo possível, o maior número de oportunidades de aprendizagem com consequências positivas, de forma a reforçar comportamentos e respostas desejadas.

3)      Treino positivo

            Se um cão aprender um comportamento sem recurso à força física ou sem consequências negativas, então é mais provável que o cão o queira repetir, particularmente se existe uma recompensa ou um reforço positivo associado. É esta a base para os métodos de treino positivo. Para ensinar o cão a deitar-se, este deverá adoptar essa posiçao de livre vontade, ou ser aliciado com um brinquedo ou biscoito. Quando o animal estiver deitado, pode então dizer a palavra “deita” e seguidamente recompensar o animal, introduzindo assim a palavra comando. Assim quando o animal ouvir o comando “deita”, só poderá fazer associações positivas.

            Este método poderá ser utilizado no treino de higiene, informando e recompensando o cachorro sempre que ele urina numa área adequada e ignorando o comportamento se o fizer num local errado – por muito difícil que isto possa ser….!

4)      Ignorar os comportamentos negativos

            Ser um cachorro nem sempre significa fazer as coisas de modo acertado. A dificuldade consiste em encontrar um equilíbrio e descobrir a maneira de informar um cachorro que um determinado comportamento não é aceitável, de forma a que compreenda e, ao mesmo tempo, não prejudique a relação cachorro/proprietário. Por muito simples que pareça em teoria, ignorar um cachorro quando este faz algo de errado é o “melhor” castigo que se lhe pode aplicar. No entanto, isto é precisamente algo que os proprietários nem sempre consideram fácil de pôr em prática. Por exemplo, se o cachorro começar aos saltos, normalmente a reacção imediata será afastá-lo e dizer “não!”. Na percepção do cachorro, isto constitui um reforço de comportamento pois assegura que lhe seja dada atenção. A reacção mais adequada seria ignorá-lo completamente. Fique quieto, não diga NADA e não olhe para ele. Posteriormente, espere que o cachorro tenha os 4 membros apoiados no chão e, nesta altura recompensá-lo com festas ou um biscoito. Esta técnica também pode ser utilizada para evitar a vocalização inadequada ou muitos outros problemas.

            Outro erro comum dos proprietários é reforçar inadevertidamente os comportamentos pelo facto de não conseguirem ignorá-los. A forma como os proprietários muitas vezes reagem a um cachorro que evidencia um comportamento de medo é um bom exemplo. A reacção habitual do dono é acalmar e tranquilizar o cachorro, pegando-lhe frequentemente e fazendo festas. A mensagem que passa para o cachorro é que está a ser recompensado por demonstrar este comportamento e que afinal, talvez existisse mesmo uma razão para ter medo. A resposta mais adequado por parte do dono seira ignorar o cachorro até que o medo desaparecesse e o animal manifestasse uma linguagem corporar mais confiante, altura em que lhe seria oferecida uma recompensa. Ignorar o cachorro que manifesta comportamentos indesejáveis pode ser a atitude mais difícil treinar, mas com tempo e uma certa persistência, acabará por proporcionar bons resultados!

 5)      Truques para melhor examinar o seu cão

            Cada novo proprietário deve, por rotina, “examinar” e manusear todas as áreas do corpo do seu animal incluindo os membros, a cauda, as orelhas, os olhas, a boca e as extremidades, e iniciar estes  hábitos de inspecção pouco tempo depois de adquirir o cachorro. Se isto for feito segundo um método positivo de recompensa e quando o animal se encontra em forma e saudável, este deverá apreciar as sessões de manuseamento e apresentando aos proprietários as áreas a examinar, tal como e quando tal lhe é requerido. De igual forma, os cuidados de higiene e beleza, o corte de unhas, o banho e a escovagem de dentes, deverão ser abordados da mesma forma.

6)      Aceitar o tempo passado sozinho

            Quando conseguir mostrar ao cachorro que estar sozinho não é um castigo, essa talvez seja uma das maiores contribuições para o cão ser equilibrado e feliz. Todos têm uma história para contar sobre ansiedade de separação, mas algumas medidas cuidadosas empreendidas precocemente podem ajudar a evitar este problema comportamental comum.

            Um cachorro novo é sempre o centro das atenções do agreado familiar mas deve “possuir” um espaço próprio. As jaulas de interior têm vindo a ter uma utilização crescente para providenciar um abrigo seguro onde o animal possa se refugiar. É importante que esse espaço seja encarado como um refúgio e não como um castigo. Nesse espaço próprio, pode ser colocada a alimentação e a água assim como a cama e alguns dos brinquedos favoritos do animal. Para aumentar a sensação de prazer e reforçar positivamente comportamentos desejáveis, poderá utilizar como recompensa, alguns brinquedos ou acessórios próprios para mastigação. Isto permitirá que o cachorro permaneça calmamente deitado roendo um objecto adequado e apreciando o tempo que passa sozinho.